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23-09-2016
É o jogo mais
emblemático e eletrizante da Cidade Invicta. São 75 anos de histórias
quase impossíveis de resumir, das derrotas mais humilhantes às festas
que acabaram regadas a champanhe. FC Porto e Boavista reencontram-se
hoje
Não, esta não é uma história
linear, com encontros com periodicidade fixa e equilíbrio quase
permanente: tem alguma desproporção de forças, passou por hiatos
prolongados (o último durou seis anos, de 2008 a 2014) e enriqueceu-se
com goleadas e surpresas épicas. O jogo mais eletrizante da Cidade
Invicta reedita-se hoje: FC Porto-Boavista, a partir das 19.00, no
Estádio do Dragão, a abrir a 6.ª jornada da I Liga (transmissão na Sport
TV1). E aqui recordam-se dez episódios marcantes, com muitos golos,
vinganças, dilúvios e chuteiras pelo ar....
1954. Muda aos 2, acaba aos 9
Pedroto
(esse mesmo, futuro treinador) iniciou aquela segunda parte infernal:
dos 47" aos 64", o FC Porto fez cinco golos (com poker de Hernâni). E
uma mera partida da 1.ª Divisão que ao intervalo parecia normal (2-1)
acabou por se transformar na maior goleada de sempre entre os
arquirrivais portuenses. O Boavista acabou goleado nas Antas, por 9-1.
Estava-se em março de 1954.
1982. Meia dúzia e contestação
Rezam
as crónicas que a meio do jogo já o presidente do Boavista tinha
abandonado a tribuna e foi Pinto da Costa, recém-eleito líder do FC
Porto, a levar com a ira dos adeptos axadrezados: insultos, objetos
arremessados e cartões de sócios rasgados. O motivo? A maior humilhação
caseira do clube axadrezado, no dérbi: 0-6. Aconteceu em maio de 1982 e
ao intervalo já estava 0-5.
1984. O sonho azul ruiu no Bessa
Corria
maio de 1984, jogava-se a penúltima jornada e o FC Porto ainda aspirava
ao campeonato nacional (até porque o líder Benfica recebia, ao mesmo
tempo, o Sporting...). Porém, o sonho morreu ali, no Estádio do Bessa:
com um golo de Almeidinha, aos 89". Os axadrezados ganharam por 2-1 e
evitaram o primeiro título de Pinto da Costa como líder azul e branco -
uma vingança pela humilhação de dois anos antes.
1992. Festa axadrezada do Jamor
Em
maio de 1992, o dérbi do Porto desceu aos arredores da capital e o
Boavista teve o raro prazer de conquistar um troféu diante do
arqui--inimigo. Marlon Brandão (33") e Ricky (55") levaram o Boavistão
de Manuel José à conquista da Taça de Portugal - 2-1 sobre o FC Porto. A
festa xadrez tomou conta do estádio do Jamor, em Oeiras. E repetiu--se
quatro meses depois, quando os boavisteiros também roubaram a Supertaça
aos dragões.
1998. A festa do tetracampeão
A
época 1997/98 ficou marcada por dois dérbis eletrizantes. Se o
primeiro, em vésperas do Natal de 1997, foi uma sucessão de golos (3-4 a
favor do FC Porto, no Bessa, com quatro a serem marcados do minuto 31
ao 38), o segundo, em abril de 1998, também foi rico em golos (cinco) e
expulsões (duas). No final, os dragões ganharam (3-2, graças a Sérgio
Conceição, Paulinho Santos e Zahovic) e puderam festejar o
tetracampeonato, a três jornadas do fim.
2001. Nos pés de Martelinho
O
sonho axadrezado crescia de jornada para jornada e a partir daquele dia
de janeiro de 2001 ganhou cor: com um golo de Martelinho, o Boavista
derrotou o FC Porto, no Bessa (1-0), e lançou-se para o topo da I Liga.
De lá não voltou a sair. Quatro meses depois, a equipa de Jaime Pacheco
celebrou um histórico campeonato nacional - ganho "nas barbas" do rival
portuense.
2002. O jogo que trouxe Mourinho
Há
encontros que ficam na história apenas pelas suas consequências.
Quando, em janeiro de 2002, Petit e Martelinho ajudaram a abater
novamente o FC Porto, no Bessa (2-0), isso manteve o Boavista na luta
pelo título (que perderia para o Sporting) mas, acima de tudo, mudou a
história dos dragões: após a derrota, que os deixara em 5.º lugar, o
treinador Octávio Machado foi despedido e chegou José Mourinho. O resto é
história (uma Taça UEFA, uma Liga dos Campeões, and so on...).
2003. Deco: chuteira para Paraty
De
uma longa lista de dérbis quezilentos, o de outubro de 2003 sobressaiu:
com faltas atrás de faltas, o árbitro Paulo Paraty mostrou 13 cartões
amarelos e expulsou Deco, por acumulação. Aí, aconteceu o insólito: o
médio portista atirou a chuteira para os pés do juiz da partida. O caso
fez correr muita tinta e Deco foi suspenso por três encontros.
2004. Primeira lança no Dragão
Os
primeiros meses de vida do Estádio do Dragão ficaram marcados pela
clara supremacia do FC Porto de Mourinho. Resultado: só em novembro de
2004, um ano após a inauguração, é que uma equipa forasteira teve o
prazer de vencer no novo recinto azul e branco. E foi o Boavista a gozar
da honra de espetar a primeira lança no Dragão: ganhou por 0-1, num
jogo da I Liga, com um golo de Cafú. Essa foi a última vez que os
portistas perderam em casa diante dos boavisteiros.
2014. 0-0 numa noite de dilúvio
O
reencontro entre dragões e panteras, em setembro de 2014, após seis
anos de ausência do Boavista da I Liga, não foi a goleada que muitos
anteviam. Numa noite de dilúvio (que alagou o relvado e atrasou o início
da partida), com o FC Porto como ultrafavorito após ter destroçado o
BATE Borisov para a Liga dos Campeões quatro dias antes (6-0), o
Boavista resistiu a 90 minutos de pressão e segurou o 0-0. Afinal, no
dérbi da Invicta há tudo menos finais previsíveis.
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